Engraçado esse sentimento que chamamos de amor.
Acho que nosso problema não é amar demais ou de menos. Nosso problema acho que é confundir apego, tesão, medo de solidão, etc, com amor.
Amor era o que minha bisavó tinha pelo meu bisavô, que por só ter um braço namorava com o outro escondido. Até que um dia ele decidiu revelar sua deficiência a minha bisavó dizendo: Zeni eu só disponho de um braço, perdi o outro quando criança. E ela respondeu: Mário, eu tenho os dois e posso te ajudar.
Hoje sei que não fui o primeiro e muito menos o último a confundir as coisas e achar que o mundo acabaria caso meu relacionamento chegasse ao fim. Mas depois de mim vieram outros amigos e eu que um dia fui consolado, agora estava consolando e falando coisas que eu julgava não acreditar enquanto estava preso nesta ilusão.
Muitos choraram, se isolaram ou simplesmente ligaram a fim de uma balada para esfriar a cabeça. Cada um lidando com esta perda de uma forma, sua própria forma de lidar, que assim como o Salgueiro, não era “nem melhor nem pior, apenas diferente”.
Amor é o que sinto por meus amigos, pela minha família e até mesmo por nossos bichos. Aquela coisa de lutar com unhas e dentes, botar sua vida em perigo por conta deles, julgar que eles sejam até mais importantes que você. Amor é o que sentimos por pessoas que já se foram e que quando a saudade bate, abrimos aquele sorriso maroto no canto de nossa boca e uma lágrima de repente escorre por nossa face, sentimos como se ela estivesse do nosso lado e do nada simplesmente retornamos a realidade.
Amar é atravessar a cidade e ir com um amigo a balada mais apertada do mundo, simplesmente porque ele não quer ficar em casa lembrando da ex, ou então quando acordamos no domingo cedo para levar o filho ao treino de futebol na quadra do bairro e a filha a apresentação de ballet, ou até mesmo ir num sábado a noitezinha em um show do Restart, simplesmente porque sua irmã curte a ondinha do momento. Amar é não ter determinada atitude para não magoar seus pais.
Amar é ver todos os erros mas ser apaixonado pelas qualidades. Amar não é simplesmente viver os momentos de alegria e falar coisas bonitas. Amar é sair de casa mais cedo ou ficar até de madrugada ajudando um amigo no trabalho da faculdade, ou brigar para seu irmão estudar para o vestibular, ou até mesmo ligar pro seu amigo e falar que a fdp da namorada dele o sacaneou e não vale nada.
Como disse o Molejo, “não era amor, era cilada”. Ao fim do processo você simplesmente “perdoa” por algo que talvez nem fosse tão errado quanto você julgava. Olha para traz, ri de tudo e segue em frente, pronto para novos acertos e erros.
Mas ao fim você descobre que amor de verdade, você teve e tem por poucas e boas pessoas que passaram ou ainda estão em sua vida.
Igor Reis Moreira Mathias
lindo e verdadeiro!! Só o tempo pra nos fazer perceber que na verdade não era amor, ou pelo menos não aquele amor que se imaginava!!!
ResponderExcluirSeus textos são ótimos e acalentam o coração...