Nascer, crescer, viver, morrer. A ordem natural das coisas. Mas será que estamos prontos para isso? Será que aceitaremos o fim e o início de cada etapa? Pois é, acho difícil aceitar. Por mais que eu não esteja revoltado com ninguém e por mais que eu entenda que tudo acontece por um porque, a ficha não cai. Não quero acreditar no que ouvi.
Ver um gigante de pé, mas saber que um dia ele se apoiará em seus joelhos é algo que me causa certo desconforto. Uma coisa seria decapitá-lo ou até mesmo o enviar ao enforcamento, mas deixá-lo exposto em prisão domiciliar aplicando uma força descomunal para que ele se ajoelhe, isso não entendo.
Um dia vi milhares se ajoelharem aos seus pés, acompanhei goblins que o queriam difamar, vi uma princesa defendê-lo de um ogro, mas com a morte de um grande homem vi este gigante se recolher e se mudar para as montanhas. Vi elfos, duendes, anões, fadas e outros seres encantados que sempre permaneceram ao lado deste gigante, e até hoje demonstram um respeito proporcional ao seu tamanho.
Soube de notícias que o gigante agora é auxiliado pela rainha, a princesa, os príncipes e sua cavalaria de guerreiros. Mas acabei de receber uma notícia , trazida a mim por um mensageiro, disseram-me que o gigante agora enfrentará uma batalha com o temido Ilitide Dementador de origem alemã. Um monstro sanguinário, que tende a atacar pessoas mais velhas, levando embora suas memórias, suas forças e, até mesmo tentando, levar sua dignidade.
Fico com o peito apertado ao imaginar tal batalha, mas sabendo o que sei, e tendo visto o que vi, tenho a certeza de que nem o gigante, nem seus companheiros do mundo mágico se entregarão e deixarão que o seu oponente leve esta batalha.
Talvez um dia o gigante, cujo nome significa vês um filho de Deus, não se lembre das batalhas que travou, dos amigos que fez, dos lugares que desbravou e até mesmo da mulher que amou.
Talvez um dia o gigante se gabe dos amigos que fez, das guerras que ganhou, dos lugares que conheceu e do amor que conquistou.
Agora não me importa mais o que será lembrado, se meu amor vai ser questionado ou se meu suor será requisitado. No fim o que importa é que eu e meus companheiros de batalha daremos nosso suor com gratidão, afinal nossas cachoeiras nunca serão do tamanho de seus oceanos. Daremos nosso amor, amor que jamais se comparará a paixão devotada por ele. E caso um dia ele não se lembre mais, eu me ajoelharei e agradecerei a Deus a oportunidade de ter vivido ao seu lado e ter escutado suas histórias, pois terei a oportunidade de me lembrar do que vivi e das histórias que escutei e assim poderei dizê-las a todos que se interessarem.
A certeza que tenho é que este gigante jamais será abandonado. Newton nos disse uma vez, "toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário", assim por mais que o oponente aplique forças sobre ele, nós retribuiremos com amor, carinho e dedicação.
No fim ficarei com a certeza de que o gigante fez tudo que pode, errou mas acertou, amou e foi amado, brigou e se desculpou, lutou e venceu. Como nos disse Drummond, “no fim as coisas findas, muito mais que lindas, estas ficarão” e assim saberei que “se pude ver mais longe, foi por estar de pé sobre ombro de gigantes” (Isaac Newton).
Igor Reis Moreira Mathias
Eu choro toda vez que leio esse texto... uma sensibilidade e verdade únicas... só que tem uma percepção aflorada entende o que você diz...
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