domingo, 27 de março de 2011

A Saga de Dublin – Irlanda do Norte

Para manter nossa tradição chegamos atrasados na escola para ir pra excursão. Mas Bruno e Alessandro foram piores do que eu e Tadeu nessa vez. Entramos no ônibus, aliás micro-ônibus onde eu mais parecia uma sardinha enlatada, gordo em banco pequeno é foda. Coitado do Alessandro, ele foi do meu lado até Belfast, acho que roubei um pouco do banco dele.

Chegando em Belfast fomos direto ao Hostel, aliás, para mim que sou novo nessa parada de Hostel, me amarrei. Tudo bem que dividi o quarto com 7 cabeças, 6 conhecidos e um cara doidão lá. Lugar maneiro, limpo, banheiro legal, enfim, eu tava em uma capital européia, no hostel é que eu não ia ficar né.

Saímos para comprar uns sanduíches e tals, ai veio o primeiro problema, não tínhamos esterlinas, aquela moeda horrível, sem nexo e totalmente impossível de descobrir o valor facilmente. Tivemos que pagar nos cartões de débito, mas sempre acima do valor de 5 pounds. Do micro mercado pra um pub, era sábado depois de 10 horas da manhã então já podíamos beber. Foi aí que o Tadeu resolveu almoçar, e ai mais uma vez chegamos atrasados no hostel para encontrar o pessoal do colégio que estava a nossa espera para ir para o city tour.

Entramos em uns taxis pretos, na verdade só o nosso era vermelho, ótimo sinal aliás, preto, vermelho. Enfim, entramos nos táxis e fomos conhecer paredes, isso mesmo, paredes, apesar de o dia ter sido fantástico em Belfast, lá você conhece paredes. Paredes pintadas em homenagem a seus mártires, paredes que separavam protestantes de católicos, paredes com foto de ídolos, parede e mais parede. Parece que parede para os norte irlandeses são como batata para seus irmãos do sul. Brincadeiras a parte, eu achei interessante conhecer um pouco da história deles, apesar de ser quase impossível entender seu inglês Neandertal. Se não fosse nosso professor para nos repetir a história depois, acho que estaria perdido até agora. Sem falar nas paredes que tinham UFF escrito, isso mesmo, UFF, mas não em relação a nossa tão amada Universidade Federal Fluminense e sim a Ulster Freedon Figthers, uma espécie de organização de resistência deles lá e tals. Ao contrário do Brasil, ser da UFF na Irlanda do Norte não é boa idéia.

Do city tour fomos rodar no centro da cidade e fomos até um shopping que tem um mirante que da para ver alguns pontos importantes da cidade, inclusive os guindastes e o estaleiro onde foi construído o Titanic. Aliás é a primeira vez que vejo alguém se gabar por algo que não funcionou. Os caras tem até festa de 100 anos do Titanic programada. Do city tour resolvemos ir para um pub, apesar de estarmos no norte, para aprender sobre a cultura deles, nada melhor que um pub também.

Fomos primeiro ao The Crown, cartão postal e o mais badalado pub da cidade. Mas entramos com um pé e já saímos com o outro, parecia que estava rolando um baile da associação de aposentados, só tinha corão lá. Foi ai que fomos para o pub do lado, mas nada mudou, a não ser o preço do pint que era muito mais barato até as 7 horas da noite. Entramos no primeiro ambiente, quando fomos ao segundo, descobrimos nossa diversão da noite, nos proteger das coroas. O lugar abarrotado de gente, música irlandesa tocando, fomos pegar cerveja e uma coroa agarra o Alessandro, do nada grita o Bruno, “passaram a mão em mim”, Tadeu começa a reclamar do assédio das mulheres e do nada uma mulher começa da dançar encostada em mim. Nos retiramos do lugar, fomos ao outro lado, pegamos cerveja e voltamos para um cantinho onde ficamos meio quietos e até conhecemos uma galera de Manchester.

Já eram 7 horas e tínhamos que estar no hostel as sete e meia, resolvemos ficar pela rua mesmo, até porque não queríamos nos atrasar novamente. Hora de comer um sanduba, tomar um todinho e ir finalmente para o The Crown. Lá encontramos o pessoal da nossa escola e tomamos uma até resolver ir para o bar do lado, afinal a música já tinha acabado e já tinha mudado a cara do pessoal. Foi que no meio da noite me aparece o Alessandro com o John, Shan, Joan, enfim, sei lá o nome do cara, um americano da Califórnia, muito gente boa e muito bêbado também. Do nada ele mando descer uma rodada com 5 guinness para nós e nos ganhou de cara. Até que fomos para o porão do bar em um outro ambiente, ele subiu para ir no banheiro e sumiu. Ainda bem que tenho uma foto para provar que eu não tava vendo duendes. Aliás que ambiente estranho, primeira vez na minha vida que vejo um banheiro unissex em uma balada. Nem preciso falar da zona que fizemos.

Fim de balada, hora de comer aquele fat food pegar um táxi, com o Alessandro gritando a cada mudança de valor, já que tínhamos sacado poucos pounds e estávamos contando moedas para pagar o táxi. Juntamos as moedas, que aqui valem muito, pagamos o táxi e chegamos aterrorizando no nosso quarto. Acordamos o brasileiro, o camaronês e o cara do congo da nossa escola. Mas não tinha como ser diferente, o Bruno escondeu a chave do guarda bagagem de mim. Dormimos as 4 e acordamos as 8. Tomamos um banho, infelizmente são 3 chuveiros pertos e tive o desprazer de ver o Bruno tomando banho na minha frente. Hora de tomar um café e partir para Rope Bridge.

Só digo uma coisa, viajar pelo interior da Irlanda é uma experiência única, estradinhas, vilarejos, ovelhas e gramas verdíssimas, igual aos filmes que retratam sobre esse país. Fomos a Larrybane, onde fica a tal de Carryck-a-rede e a Rope Bridge, a primeira uma ilha e a segunda uma ponte de corda. Lugar maravilhoso, visual fantástico e um silêncio divino. Nem preciso falar sobre o cagaço de passar por essa ponte que balança pra caramba a uns 20, 30 metros de um monte de pedra. O lugar era tão bonito que na volta, sim chegamos atrasados ao ônibus, mas porque estávamos sentados uns num banquinho outros numa pontezinha, olhando e se maravilhando com o lugar. Lugar este de onde já podíamos avistar a Escócia.

De Larrybane direto para Giants Causeway, uma das maravilhas naturais do planeta. Um lugar, feito pela mãe natureza, mas que mais parece ter sido feito por humanos, ou até mesmo por gigantes como reza a lenda. Reza a lenda que havia uma gigante escocês e um gigantes irlandês, e um dia eles resolveram construir uma ponte que ligasse um país ao outro para se enfrentar e ver quem era mais forte. Um belo dia o gigante irlandês conseguiu ver o escocês e o achou muito grande. Usando toda sua brasilidade, ele foi para casa e falou com sua mulher, que o colocou num berço e fingiu que fosse seu filho. Quando o gigante escocês chegou a sua casa, sua mulher o convidou para entrar e ele conheceu o “filho” de seu inimigo. O gigante escocês aterrorizado com o tamanho do suposto bebê, fugiu e no meio do caminho destruiu a ponte que havia construído. Restando a base irlandesa e resquícios na escócia.

Essa base irlandesa é chamada de Giants Causeway, um lugar realmente mágico e muito lindo. Com pedras que parecem ter sido talhadas a mão, formando espécies de escadas. Como bons brazucas, levamos a bandeira do Brasil, que minha madrinha me deu, e tiramos várias fotos pela viagem, tanto nos giants quanto na rope bridge. Sempre atraindo olhares estrangeiros. Acho que as pessoas amam os brasileiros, é nos ver e abrir um sorriso.

Dos Giants para casa, dessa vez dormindo a maior parte do caminho. Em casa a bela surpresa, banheiro com luz queimada, dia de tomar banho com porta aberta. Mas hoje tive uma bela surpresa, quando fui aprontar a janta, o Tadeu já estava com o macarrão cozido, o restante do meu molho esquentado e as almôndegas enlatadas prontas. Comi bem, janta gostosa e agora era hora de escrever.

Só não posso esquecer de registrar no texto de hoje que os lugares que fomos hoje, Giants of Causeway e Rope Bridge, eram tão fodas que até o Bruno elogiou. Coisa difícil de se ver.

Amanhã é dia de aula, com turma nova, vou nessa.

Abraços

Igor Reis Moreira Mathias

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