sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aprendendo a Ambigüidade do meu ser

Morar fora de casa é uma novidade para mim. Depois de morar a vida inteira com a mamãe e o papai, sair de casa para morar sozinho em um país diferente tem sido uma grande experiência.

Aprender a ter mais paciência, a pensar antes de falar, a agir por conta própria, ser um pouco mais egoísta, um pouco mais solidário, aprender a fazer jus aquela velha expressão, “os incomodados que se mudem”, aprender a cozinhar melhor, lavar, passar, enfim, aprender. Isso é bom, afinal aqui eu vim para isso, para aprender, mais do que viajar, conhecer novas pessoas e lugares, aprender um novo idioma, aprender certas coisas da vida, aprender sobre diversas culturas, enfim, aprender a aprender.

Acho que uma das coisas mais difíceis aqui é o fato de morar com amigos, pois apesar de você ter liberdade para falar, você tem medo de estragar tudo aquilo que você demorou a construir.

Logicamente não é nada fácil certas vezes em que você simplesmente tem que compartilhar aquela música indesejada ou ver aquela sujeira que alguém deixou. Certas vezes o jeito é se isolar no seu quarto, se tornando um prisioneiro dentro de sua própria casa, afinal é essa prisão que te liberta, te da sossego, te acalma.

Agora como é difícil ficar longe das pessoas queridas, quantas vezes não sonhei com vocês, ou desejei que um de vocês tivesse ao meu lado para poder compartilhar aquele momento. Na vitória do meu time, naquele lugar lindo que conheci, aquele lugar que seu amigo sempre falou, aquela música que toca e parece ter sido feita exatamente para você e sua amiga, aquele jantar em um lugar romântico, enfim, inúmeras situações que seriam bem melhor com suas companhias aqui. Uma vez, em um certo lugar, eu não me contive e tive que ligar para casa e agradecer pela oportunidade que me foi concedida.

Esses dias me peguei sonhando que estava em casa, dormindo na minha cama, com meus cachorros, minha família, quando de repente eu acordei. Bateu um vazio, uma lágrima escorreu mas eu continuei, é um sonho se realizando e para isso eu sei que tenho que sofrer certas penalizações. Já sonhei que encontrava minha mãe, no mesmo dia que ela sonhou comigo, em algum lugar, realmente nossas almas se abraçaram.


É tão longe e tão perto ao mesmo tempo, ainda bem que existe a internet para podermos nos falar. E é por isso que sinto falta de meus cachorros, pois não consigo falar com eles e nem fazer aquele carinho.

Mas ao mesmo tempo, já acordei dias desesperado, pois havia sonhado que já era hora de voltar para casa e eu ainda não tinha feito tudo que queria. Sentimento ambíguo esse, amenizado pela certeza que de um dia eu volto, de um jeito ou de outro, para ser bem recebido por todos aqueles que me fazem sentir cheio e vazio ao mesmo tempo.

Igor Reis Moreira Mathias

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